terça-feira, 30 de novembro de 2010

Moradores do Alemão reclamam de buscas e revistas da polícia


Após a ocupação da polícia no Complexo do Alemão, no último domingo (28), moradores da região estão divididos quanto à atuação e à permanência das polícias e Forças Armadas no conjunto de favelas. Enquanto alguns apoiam a ação dos agentes de segurança, outros relatam casos de agressão e violência por parte dos policiais durante revistas e buscas nas casas.

As varreduras nas residências aconteceram nesta segunda-feira (29) durante todo o dia. Todos que entram e saem do complexo são revistados. Segundo um soldado do Exército que revistava na tarde de segunda-feira carros, motos e moradores na rua Joaquim Queiroz, na esquina da estrada de Itararé, os moradores estão colaborando com o trabalho dos militares.

- Eles não estão criando dificuldade e deixam a gente fazer o nosso serviço sem criar problemas. Essa compreensão é importante para que a operação dê certo.

Após ser revistado, um morador disse não se incomodar em mostrar sua bolsa.

- Eu não me importo. Não devo nada e não tenho nada a temer. E o pessoal do Exército é bem educado com a gente.

Uma moradora do Alemão há 43 anos disse concordar com a ocupação da polícia e que, até agora, não tem do que reclamar.

- Eu já vi muita coisa aqui. Acho que está na hora de os traficantes saírem e pararem de recrutar nossos filhos para o tráfico. Muitas mães já perderam seus filhos para a criminalidade. Quanto ao tratamento dos policiais, eles pediram licença, vasculharam tudo e saíram agradecendo. Foi muito tranquilo.

Tapa na cara

Entretanto, nem todos os moradores têm essa percepção. Questionado pelo R7 sobre a ocupação, outro morador começou a falar baixo e, com medo, perguntou se a equipe estava filmando ou gravando. Ao ter a garantia de que sua identidade seria mantida em sigilo, ele disse que os moradores estavam sendo oprimidos.

- Na frente de vocês [imprensa], os policiais tratam a gente direito, com respeito. Mas por trás não é assim. Ontem [domingo, 28], eles pegaram meu filho para ver se ele era bandido. Quando viram que não era, liberaram ele, mas ficaram com os documentos. Como ele vai andar agora sem identidade? Quando os traficantes estavam aqui, essa injustiça não acontecia. Eles sabiam quem era trabalhador e respeitavam a gente.

Outra moradora que ouvia a conversa contou que a polícia entrou na casa dela arrebentando a porta. Segundo ela, os policiais jogaram a geladeira e a televisão no chão e ainda agrediram seu filho.

- Vocês não estão vendo o que fazem lá em cima. Eles chegam quebrando tudo sem nenhuma ordem oficial. Até as minhas calcinhas jogaram no chão. Quando foram levar meu filho, bateram na cara dele. E não foi só nele, não. Eles estão fazendo barbárie com a gente.


fonte: R7

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