SÃO PAULO - O empresário Silvio Santos terá 10 anos para devolver o resgate de R$ 2,5 bilhões dado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ao Banco Panamericano.
Segundo informou hoje o FGC, a holding Silvio Santos Participações ainda terá uma carência de 3 anos para iniciar o pagamento do empréstimo, obtido por meio da emissão de debêntures.
A correção do valor será baseada na variação do IGP-M, sem cobrança de juros, conforme informaram administradores do fundo. A operação começou a ser costurada no dia 11 de outubro, logo após o Banco Central constatar inconsistências contábeis na instituição financeira.
"Ele (Silvio Santos) veio aqui várias vezes conversar", afirmou Gabriel Jorge Ferreira, presidente do Conselho de Administração do FGC. O empresário chegou ao fundo por intermédio do Banco Central e a operação com debêntures foi montada pelo próprio FGC.
Todas as empresas do grupo foram colocadas como garantia, incluindo a rede de televisão SBT, a fabricante de cosmésticos Jequiti, a Liderança Capitalização, o Baú da Felicidade e o próprio Panamericano.
Os ativos de garantia perfazem um patrimônio estimado em R$ 2,7 bilhões pelo FGC e podem ser, se necessário, colocados à venda para cobrir o empréstimo. Os dividendos obtidos pela holding de Silvio Santos também serão usados no pagamento do resgate.
De acordo com Ferreira, caso não houvesse a assistência do fundo, o caminho do Panamericano seria a liquidação ou uma intervenção do Banco Central.
Para ele, a própria instituição financeira poderá ser uma das primeiras a ser vendidas, após retomar a confiança do mercado. Ele observou ainda que, numa eventual venda do SBT, o prazo para conclusão no negócio tenderia a ser mais demorado devido às regras específicas do setor de audiodifusão. "Sempre que qualquer garantia for alienada, os recursos serão alocados no pré-pagamento das debêntures."
Apesar da injeção de recursos, Ferreira garantiu que não haverá nenhuma interferência por parte do fundo na administração das empresas de Silvio Santos.
O FGC possui hoje patrimônio líquido de R$ 28 bilhões, formado por contribuições de seus associados. O montante corresponde ao quinto maior patrimônio do sistema financeiro, atrás apenas de Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil.
O presidente do Conselho do FGC descreveu a operação como "um fato inédito na história do fundo", dada a disposição do empresário em buscar ajuda e colocar seu patrimônio como garantia.
Por Eduardo Laguna
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