quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cinco previsões para o próximo governo

(Angela Pimenta)

Para quem conhece a fundo os bastidores da política e economia em Brasília, apesar de estarmos a dez dias da eleição, sem saber o nome do sucessor de Lula, já é possível prever o seguinte:


1) O Brasil sairá mais dividido das urnas, com dois polos de aglutinação política mutuamente ressentidos pela troca de ataques do segundo turno.  Se o presidente for o tucano José Serra, contará com mais traquejo político e experiência administrativa do que a petista Dilma Rousseff, mas enfrentará a oposição dos sindicatos, do funcionalismo e da maioria dos parlamentares eleitos que se aliaram a Dilma na eleição.   Se ela vencer, além de ter que lidar com a sombra onipresente de Lula, também irá
encarar um PMDB faminto por nomeações e verbas e disposto a flertar com tucanos e democratas para aumentar seu preço em votações importantes no Congresso.

2) Abertas as urnas, até a virada do ano o país assistirá à desmontagem do governo Lula e à gradativa entrada em cena da nova administração. Se Dilma vencer, a transição será suave, mas se o vencedor for Serra, certamente sua equipe enfrentará resistências da máquina atual na passagem do bastão.

3) Depois da posse, a chamada lua-de-mel do novo presidente – que ao contrário de Lula não será carismático – não deverá durar mais que 100 dias.

4) O novo presidente terá que necessariamente ministrar o remédio amargo de um ajuste fiscal – talvez da ordem de 3% do PIB – a fim de conter as pressões inflacionárias e uma persistente tendência de valorização do real.

5) Em função do aperto fiscal, ao invés de crescer 7,5% como em 2010, o PIB de 2011 deve cair – talvez para 4,5% ou 5%. Como resultado, haverá uma desaceleração do crescimento do consumo e menos lenha na fogueira inflacionária.


por Angela Pimenta

Chefe da sucursal da EXAME em Brasília
Quarta-feira, 20 de outubro de 2010 - 6:30

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